em paz com o olhar distraído de não procurar e ao acaso encontrar a falta na tela em branco de não saber sentir de quase querer um temer inocente e notar minha ausência de presença. sinto falta daquela distração sem maldade sem pesquisar requisitos no outro sem pensar quem virá depois sem me perguntar se vai servir se vai encaixar se vai caber. sinto falta de esbarrar com alguém na esquina da vida e viver cada segundo como se fosse só aquele segundo e estivesse tudo bem em ser só aquele segundo. e então sorrir um sorriso que faz valer os segundos em que senti tua falta. senti falta de todos os encontros e também de não perder a fé no amor falta de não saber como dói e a partir de então medir numa balança o tamanho das coisas a proporção o enlace e pesar se vale o desenlace que gasta tempo e energia. mas estaria mentindo se dissesse que começo pensando no fim eu teria que me perguntar o tempo inteiro se tenho energia para mais um encontro com data de validade por isso prefiro não pensar no fim. não suportaria existir com cicatrizes de desamor prefiro só as curadas de amor. prefiro quando só acontece e quando percebo já mergulhei fundo no mar das tuas ideias. bom amar aquele amor desconhecido que quando bate você quase perde o medo da morte. bom não procurar e achar sem querer sem questionar quem eu sou quem ela é quem já fomos e quem queremos ser. bom saber chegar e saber quando ir embora como ir embora e acontecer e simplesmente ser sem cerimônia sem parcimônia sem vergonha. que loucura é a vida assim após arder após alastrar inundar e após molhar tudo secar inteira.
estava com vontade de desconhecer minha importância e assim saber que não depende só de mim e o universo é traiçoeiro com todos. hoje eu quase sinto falta de quem eu era antes do primeiro adeus sinto falta e falta não é saudade falta é a minha desatenção do mundo físico por estar num plano invisível da textura de um caos dançante.
