princípios

Ana
2 min readMay 16, 2024

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Esqueceu de girar a chave e passou as tardes percorrendo corpos melancólicos procurando sentir qualquer coisa que não fosse ódio. Olhar apático, voz mansa e nenhuma sombra de arrependimento. Recapitula lembranças em looping na mente que só maquina o que foi causado. A juventude, em partes, havia sido-lhe cruel.

Refém de seu vitimismo, do alto da sua torre, peca em excessos de descasos. O reflexo no espelho não deixa passar teus planos obscuros entre as vozes secretas dos fins. Teus guias reunciaram aos postos, reclamaram de falta do que fazer. As amantes se esgotaram, cada uma por si.

Buscando sem fim por ilusões atrevidas com os alguéns que aguentem tuas instabilidades. Registra amores líquidos em um caderno listrado, pois já não sabe mais quem é quem. Não existem desculpas para mau caratismo. Sinais de lesões corporais marcaram tua pele, mas cicatrizaram sem ensinar a lição.

Essa busca por alguém que sussurre falsas verdades não planeja um fim. Mente um tanto fraca, ajoelha no milho que nem foi plantado. Saiba que a colheita não tem hora para começar. Lecionando oportunismo de restos, mistura-se com seus semelhantes e propaga o que foi ensinado.

Aspirantes aos comandos patéticos de inverdades e projeções, regressa vez ou outra às tuas origens. Origens infundadas em preconceitos e correntes atadas; pedem pão e leite sem nunca doar.

Viaja por partituras mas não processa que os infelizes são ingratos e os medíocres não saem do lugar. Aqui também nessa desconhecida e breve coisa que é a vida, há muito a se aprender.

Prometo-lhe que um dia conseguirá dormir em paz na claridade, sem medo e sem saudades. Sem necessidade de negociar meia dúzia de ilusões.

Façamos assim: desfaça as músicas que compôs pra mim e nunca ouviu. Dos melhores desfechos, se encarrega o destino.

O “para sempre” tem um fim, é só fingir não se importar.

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Ana

mistura heterogênea de múltiplas fases e faces