vênus em leão

Ana
2 min readMar 5, 2021

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Protagonista de todas as histórias contadas, parece que foge de casa todas as vezes que não arruma a cama. Corre rasgando o céu de ponta a ponta e pintando de colorido as quartas de cinzas nas sarjetas da cidade. Corre rápido até chegar em outro estado, dá sete pulos em uma piscina vazia e diz se afogar. Fica tão mais linda sem a máscara que usou ontem à noite. Essas tardes laranjas gastas em estradas inconscientes trazem e levam o inesquecível. Entrega sem arrancar nada do peito. Baby, é só uma fase.

Discos arranhados e ervas mágicas em sua maleta de mão. Nada de tv, nem jornal… coleciona selos e corações. Arremessa moedas da janela e tenta entender o impacto da gravidade ao se empurrar pra dentro de si. Pumas à espreita de algo melhor. Fácil de repor, difícil de esquecer.

Só, mas tão somente só que a vida se torna paradoxo. Se excita muito, se evita muito, nunca soube pedir que queimassem devagar. Deixa tudo por um fio, um abismo no centro do furacão.

Esvazia a cabeça quando desaparece. Dorme em redes trocando beijos molhados com um estranho, depois nada nua em mares quentes. Conversa com Iemanjá e traga segundos a menos enrolados em seda. No começo eles sentem raiva, depois lhe escrevem poemas e se declamam. Já entendemos esse modus operandi. Essa linha está ocupada, por favor busque algum outro (l)hobby.

Indigesta forma de aprisionar tribulações maravilhosas, transcreve em folhas pardas os mistérios do mundo e segue desencabeçando mudanças com as pontas dos dedos, precisando sempre de e s p a ç o. Felinos em convivência harmônica.

Encontros solares carburam a pele queimada. Sabe que deixa uma saudade diferente. Seria tão perfeita se fosse exatamente assim como se lembram…

mas já passou tanto tempo que fica como se tivesse sido.

Nunca me faltou nada.

Nem falta;

ainda.

viver arte na forma do tempo;

tocar corpos por arte, com tempo.

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Ana

mistura heterogênea de múltiplas fases e faces